CAMINHOS DE SANTIAGO EM BICICLETA (BTT) DIA I - 6 de Junho de 2007
A manhã acorda-me com a promessa de um dia quente.
Tal como combinado, já na montada, deslocamo-nos de casa até ao ponto de encontro e partida – a Sé do Porto.
Oito da manhã. Tiram-se as fotos da praxe tendo como cenário a frente da Sé, ainda fechada.
Em consequência da sorna Clerical o carimbo inicial na credencial de peregrino teve de ser obtido na estação de S. Bento.
Na rua do Loureiro os raios de sol matinais douravam o empedrado gasto fazendo reluzir aqui e acolá algumas lostras, que perfeitamente conservadas pela humidade nocturna haviam sido habilidosamente expelidas pelos frequentadores das casas de pasto e boites manhosas, agora subitamente com nova vida graças à importação de carne fresca do leste e alguma picanha brasileira por certo.
A transbordar de ânimo, mas com alguma desconfiança do que nos poderia reservar o percurso partimos então. A boa disposição reinava. Não devo esconder no entanto que existia alguma apreensão, acima de tudo porque tínhamos que vencer a barreira dos 100 km, o que para qualquer dos três era novidade absoluta.
Cedofeita, Carvalhido, Prelada, Maia, Godim, Gemunde, Vilar Pinheiro e Vilarinho, foram os lugares percorridos até à altura do primeiro momento de pausa / “oração”. No café "Neta" a primeira Cervejola traçada com 7Up e que carinhosamente passamos a chamar de Ave-maria (com todo o respeito) foi “religiosamente” solicitada e degustada com toda a “devoção”.
Aqui encontramos os primeiros peregrinos profissionais. Um grupo de quatro franceses com idades na casa dos 55 / 60 anos e que tendo partido de Lisboa cumpriam o seu 18º dia de peregrinação. Para Santiago ainda lhes faltavam 10 longas etapas. Só de ouvir fiquei cansado!
Confiando apenas no nosso GPS de serviço – as setas amarelas – seguimos por estradas e ruelas até São Pedro de Rates, onde se encontra a celebre igreja de S. Pedro de Rates cuja edificação data do Sec. IX. Um exemplo de uma pequena vila com uma evidente harmonia arquitectónica onde o bom gosto prevalece, exprimindo-se através da perfeita combinação entre arquitectura moderna e tradicional.
Depois de Rates finalmente as biclas começaram a cheirar a terra. Um caminho agradável por entre pinhal e campos que de forma tranquila nos levou até Barcelos, não sem antes pararmos para mais uma “Ave-maria” (com todo o respeito). O calor começava então a marcar presença. Era meio-dia quando entramos em Barcelos. Andávamos à procura das setas temporariamente perdidas, quando um simpático fiscal da Câmara aprontou-se a publicitar o restaurante onde haveríamos de almoçar. Boa aposta. Após duas pratadas de tripas vieram uns rojõezinhos para acamar. Tudo acompanhado por Ave Marias XL e/ou vinho tinto com gasosa. Findo o repasto, bastou-nos levantar da mesa para perceber o quão exagerado tinha sido o manjar, sobretudo para quem ainda tinha que fazer cerca de 50 km sob um sol abrasador. A peregrinação finalmente ia começar! O sol a pique incidia em cheio na moleirinha e fazia qualquer das subidas que se seguiram parecer um António Calvário. Até os grilos que teimavam em cantar pareciam dizer com a pronúncia de grilo do campo: - xiiiiii, vocês é que sendes tolos, cum este braseiro e fora da toca!
Após pausa para descanso e reorganizar o aparelho digestivo, que por esta hora estava já a acusar o excesso de leguminosas ingeridas minutos antes, voltamos a enfrentar o calor e seguimos viagem. A situação mudou quando por volta das 4 horas o sol deixou de massacrar tanto e cruzamos o riacho sob a ponte da Tábuas (Sec XII) onde a rapaziada local, com ar de quem se baldou à escola, banhava-se saltando de uma improvisada prancha de madeira.
A partir deste ponto o percurso é maioritariamente a descer e agradável de percorrer, especialmente para quem tem bicicletas de suspensão total, o que não e o meu caso.
Chegados a Ponte de Lima com prazer encostamos as bikes e o conta-quilómetros marcava 100 Km (92 da Sé do Porto).
Por uma agradável coincidência em Ponte de Lima era dia de grande festança – A Vaca das Cordas. Não confundir com outras que por ai andam sem cordas!
Um fim de tarde e noite em beleza a fugir da vaca!
A manhã acorda-me com a promessa de um dia quente.
Tal como combinado, já na montada, deslocamo-nos de casa até ao ponto de encontro e partida – a Sé do Porto.
Oito da manhã. Tiram-se as fotos da praxe tendo como cenário a frente da Sé, ainda fechada.
Em consequência da sorna Clerical o carimbo inicial na credencial de peregrino teve de ser obtido na estação de S. Bento.
Na rua do Loureiro os raios de sol matinais douravam o empedrado gasto fazendo reluzir aqui e acolá algumas lostras, que perfeitamente conservadas pela humidade nocturna haviam sido habilidosamente expelidas pelos frequentadores das casas de pasto e boites manhosas, agora subitamente com nova vida graças à importação de carne fresca do leste e alguma picanha brasileira por certo.
A transbordar de ânimo, mas com alguma desconfiança do que nos poderia reservar o percurso partimos então. A boa disposição reinava. Não devo esconder no entanto que existia alguma apreensão, acima de tudo porque tínhamos que vencer a barreira dos 100 km, o que para qualquer dos três era novidade absoluta.
Cedofeita, Carvalhido, Prelada, Maia, Godim, Gemunde, Vilar Pinheiro e Vilarinho, foram os lugares percorridos até à altura do primeiro momento de pausa / “oração”. No café "Neta" a primeira Cervejola traçada com 7Up e que carinhosamente passamos a chamar de Ave-maria (com todo o respeito) foi “religiosamente” solicitada e degustada com toda a “devoção”.
Aqui encontramos os primeiros peregrinos profissionais. Um grupo de quatro franceses com idades na casa dos 55 / 60 anos e que tendo partido de Lisboa cumpriam o seu 18º dia de peregrinação. Para Santiago ainda lhes faltavam 10 longas etapas. Só de ouvir fiquei cansado!
Confiando apenas no nosso GPS de serviço – as setas amarelas – seguimos por estradas e ruelas até São Pedro de Rates, onde se encontra a celebre igreja de S. Pedro de Rates cuja edificação data do Sec. IX. Um exemplo de uma pequena vila com uma evidente harmonia arquitectónica onde o bom gosto prevalece, exprimindo-se através da perfeita combinação entre arquitectura moderna e tradicional.
Depois de Rates finalmente as biclas começaram a cheirar a terra. Um caminho agradável por entre pinhal e campos que de forma tranquila nos levou até Barcelos, não sem antes pararmos para mais uma “Ave-maria” (com todo o respeito). O calor começava então a marcar presença. Era meio-dia quando entramos em Barcelos. Andávamos à procura das setas temporariamente perdidas, quando um simpático fiscal da Câmara aprontou-se a publicitar o restaurante onde haveríamos de almoçar. Boa aposta. Após duas pratadas de tripas vieram uns rojõezinhos para acamar. Tudo acompanhado por Ave Marias XL e/ou vinho tinto com gasosa. Findo o repasto, bastou-nos levantar da mesa para perceber o quão exagerado tinha sido o manjar, sobretudo para quem ainda tinha que fazer cerca de 50 km sob um sol abrasador. A peregrinação finalmente ia começar! O sol a pique incidia em cheio na moleirinha e fazia qualquer das subidas que se seguiram parecer um António Calvário. Até os grilos que teimavam em cantar pareciam dizer com a pronúncia de grilo do campo: - xiiiiii, vocês é que sendes tolos, cum este braseiro e fora da toca!
Após pausa para descanso e reorganizar o aparelho digestivo, que por esta hora estava já a acusar o excesso de leguminosas ingeridas minutos antes, voltamos a enfrentar o calor e seguimos viagem. A situação mudou quando por volta das 4 horas o sol deixou de massacrar tanto e cruzamos o riacho sob a ponte da Tábuas (Sec XII) onde a rapaziada local, com ar de quem se baldou à escola, banhava-se saltando de uma improvisada prancha de madeira.
A partir deste ponto o percurso é maioritariamente a descer e agradável de percorrer, especialmente para quem tem bicicletas de suspensão total, o que não e o meu caso.
Chegados a Ponte de Lima com prazer encostamos as bikes e o conta-quilómetros marcava 100 Km (92 da Sé do Porto).
Por uma agradável coincidência em Ponte de Lima era dia de grande festança – A Vaca das Cordas. Não confundir com outras que por ai andam sem cordas!
Um fim de tarde e noite em beleza a fugir da vaca!
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