CAMINHOS DE SANTIAGO EM BICICLETA (BTT) DIA III - 8 de Junho de 2007
Acordamos cedinho, cerca das 7h e mesmo assim quase fomos os últimos a sair do albergue. “Peregrino madruga paca!”. Neste dia sim, as pernas ainda que ligeiramente, já se queixavam. Para não quebrar a tradição, o furo matinal da bike do Biculas foi reparado e após o pequeno-almoço partimos por onde nos mandava o caminho.
Para começar bem o dia, não tardou nada e já estávamos a subir umas rampinhas “agradáveis”. Era o primeiro dos três prémios de montanha que nos reservava a terceira e derradeira etapa. Para não fugir à regra, quer em Portugal quer em Espanha depois de um par de subidas acentuadas normalmente surge sempre uma retemperadora fonte de água fresca. Rica fonte… veio mesmo a calhar!
Subidas vencidas e já em direcção à ponte romana de Ponte Sampaio começamos a apanhar os primeiros peregrinos a pé que pela fresca se haviam escapado sorrateiramente do Albergue. Já haviam percorrido uns bons 12 km de percurso, diga-se não muito fácil para quem vai a pé.
Subimos as “paredes” que nos reservava a típica aldeola galega e o percurso ficou de novo interessante.
Mais um furo reparado e seguimos em direcção a Pontevedra onde haveríamos de carimbar a credencial no Santuário da Virgem Peregrina. Mais uma vez, após algum tempo perdido para recuperar o rumo devido à má sinalização do caminho lá seguimos viagem. Depois de Pontevedra, passando por Alba e A Peroxa, cruzamos Caldas de Reis. Desta a Ponte Cesures percorremos um “single track” que tendo à margem direita o rio lá no fundo, levou-nos por um percurso florestal de beleza impar e que dá muito gozo a percorrer de bike. Não fosse o cansaço que já começava a fazer-se notar e este trilho poderia ter sido desfrutado com outra garra. Fruto do desgaste acumulado a dado momento os meus braços não conseguiram segurar firmemente o guiador ao embater numa rocha e acabei por sentir a macieza da terra fértil desta floresta. Recomposto e como novo lá seguimos. A fome estava a fazer-se notar e era premente reabastecer, o que viria a ter lugar em Pontecesures. Apesar do adiantado da hora, fruto de afinidades profissionais fomos bem servidos, tendo sido presenteados com um pouco de tudo o que tinha sido a ementa do dia. Salada de entrada, Tortilla espanhola, lulas com batatas estufadas e fuzilli com carne foram os pratos degustados pelo team.
Agradecidos ao nosso patrocinador do almoço, partimos em direcção à Igreja de Padrón onde haveríamos de mais uma vez carimbar a credencial na Igreja local.
Aqui reza a lenda que os discípulos de Santiago Atanásio e Teodoro amarraram a barca que trazia o seu corpo desde Jaffa na Palestina, a uma coluna de pedra, que se diz ser a mesma que está hoje sob o altar desta Igreja de Santiago de Padrón. Os mesmos colocam o corpo do Apóstolo sobre uma pedra que amolece e toma a sua forma convertendo-se em um sepulcro, o que vem a dar o nome do lugar: Padrón.
Pressagiando o calvário que se seguiria, aqui foi-nos entregue uma imagem de uma santinha protectora. Com o “queijo” feito num 8, as pernas eram das únicas partes do corpo que resistiam estoicamente. Seguimos viagem animados pelo sentimento de que a meta estaria próxima. Faltavam apenas 22 Km, mas digam-se que foram os mais difíceis, pois as energias começavam a esgotar-se. Antes de chegar a Santiago, o Santo reservou-nos ainda umas valentes subidas para nos dar a conhecer os subúrbios da cidade e nos deixar contemplar a cidade bem lá do alto. santo simpático este! Depois fez-nos descer, voltar a subir para depois finalmente descer e para acabar, já em Santiago, tornar a subir a rua do Hospital. Não sei se me apetecia ficar já ali ou seguir viagem!
Decidimo-nos por seguir e nada tardou estávamos em frente à majestosa Catedral de Santiago e assim a completar esta magnífica e saborosa aventura.
E vendo bem agora passada uma semana, afinal não custou nada!
Para o ano há mais: Caminho de Santiago Francês. Alista-te já!
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