28 de agosto de 2005

Hoje tava a picar!


Ainda me lembro das compridas tardes de verão, passadas com o meu avô em frente à fábrica "Arrozeira", de cana ao alto, à espera que algum amigo escamudo se lembrasse de morder o traiçoeiro e fatal isco...
Lembro-me também, que nessa altura havia peixe no rio Douro. Robalos, enguias, bogas e já mais perto da foz até solhas se tiravam, se a sorte e maré estivesse do nosso lado. Mas isto, eram outros tempos, pois desde sensivelmente os meus 18 anos, nas centenas e centenas de vezes que passei pela marginal do rio Douro, quer em Gaia, quer no Porto, contam-se pelos dedos os peixes que vi retirar ao rio, puxados pelas linhas das canas dos inúmeros pescadores de água doce que ai praticam o seu hobby favorito. Como eu louvo a paciência destas almas, que de madrugada ou noite adentro, faça frio ou calor, se predispõem a passar horas e horas apenas com a companhia de umas dezenas de minhocas que languidamente se entretêm numa promíscua e viscosa orgia silenciosa. Será que é para não aturar as mulheres?
Cheguei mesmo a pensar que tal fosse possível!

Mas hoje, após cerca de 15 anos de aturada observação dos colegas a cada passagem e crescente frustração, finalmente posso dizer que vi pescadores a tirar peixe a sério. Afinal nem tudo é mau neste país.
Em apenas 5 minutos, vi uns cinco ou seis peixes de porte razoável, serem içados agua fora. Enguias, cavalas, e as já mais vulgares tainhas de pinta amarela, que era o que o mar estava a dar nesta zona. Bem sei que não foi no Rio Douro, mas antes no novo paredão que construíram no Cabedelo. Mas meu amigo…Para quem sofria como eu, ao ver os colegas de hobby, há anos e anos a olhar para a bóia, foi um marco histórico e acima de tudo um alívio.

Para semana estou lá.

Tylben

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