14 de março de 2008

Sapato Branquinho perfurado


O meu antigo Dentista tinha uns. Ainda me lembro dessa fase em que em meio ano, me sacou quase metade do esmalte trincador. Entrava no consultório e lá estava ele todo de branquinho, bata, calça bem vincada e com dobra em baixo. Para acabar o alvo panorama, o incrível sapatame de furinhos. Não sei o que me parecia aquilo, mas lá muito boa impressão não me causava.
O sapato em si, pertence à classe do calçado que dá bom andar, o que desde logo significa que serem feios como tudo!
Vamos fazer um simples exercício. Para isso apelo á vossa imaginação: Imaginem a mulher mais linda e apetitosa…daquelas de fazer uivar o gato. Essa mulher usa uns lindos sapatos de tacão alto e um vestido sensual à vossa escolha. Imaginem… Já está?
Agora de repente, tirem-lhe os sapatos de salto alto e calcem-lhe estes! Que tal a imagem?
Dependendo do ponto de vista, poder-se-ia dizer que estes vitorinos são os percursores dos Geox, apenas com uma inversão na localização dos furinhos.
Outro facto é que este sapato vende-se em Farmácias. Ora, quem é que, sendo saudável e bom do juízo, compra sapatos numa farmácia?
Eu digo-vos quem, pois para isso é que me especializei em Sapatiquiatria. Quem os compra, ou é possuidor de uns grandes joanetes ou toca nos Mareantes do Douro ou então tem uma noção de estética em perfeito estado embrionário.
Completando os traços marcantes do perfil do indivíduo que os usa, este normalmente tem em casa mobília em pinho com nó e com verniz alto-brilho. Tem ainda almofadinhas e naprons espalhados por tudo que é sofá ou cadeirão e usa bolas de nafetalina no meio da roupa. Na cozinha, não dispensa o azulejo com um dizer popular . Gosta de ler enquanto ouve no gira-discos os Dire Straits ou Simon and Garfunkel no Central Park. Quanto aos automóveis, tem vocação pela marca Ford, compra capas fofinhas para o volante e usa reflectores plásticos nas portas. O terço pendurado no retrovisor é um “must”, que pode ser substituído por um perfumado semáforo de cartão em caso de ausência de fé.

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