22 de maio de 2006

Entre ter um filho ou fazer um filho – vai uma grande diferença!

Qual de nós, não encontrará no seu metier, termos ou frases, que não são mais do que siglas ou códigos que servem para facilitar a comunicação. Para designar algum objecto, procedimento ou característica, que por algum motivo não tinha baptismo, ou o que tinha, simplesmente não era o mais adequado. Vai daí que, o povo, zás, dá-lhe um novo nome. Estas palavras, apesar de não constarem do dicionário, são utilizadas correntemente, constituindo, algumas delas, preciosos auxílios para a comunicação no seio de determinando ramo, sector ou temática.
Mas há uma dessas formas que me faz uma cá uma espécie!!! É então sobre ela que incidirá esta minha posta.
Há uma classe profissional que usa bata e estetoscópio ao pescoço, que de há uns tempos para cá, não sei precisar desde quando, surpreendeu-me com mais uma descoberta para a língua portuguesa.
Que eles não sabiam escrever, já todos sabíamos e em particular os farmacêuticos.
Tal como no passado,
era condição indispensável para pertencer à “Corge dos Barrosas” saber mandar a famosa “bisga de repuxo” por entre os incisivos centrais, de igual modo, para se pertencer à tribo da medicina, há que rapidamente encontrar uma caligrafia imperceptível. E quanto mais imperceptível, melhor médico!!!
É quase uma marca de estilo.
Caso contrário, não tardará muito a ver os seus créditos e qualificações postas em causa.
Mas vendo bem, para que é que importa a caligrafia na prescrição médica? Ainda se estivéssemos a falar de peças auto!!! Aí sim, é importante. É que, a brincar a brincar, com um mal entendido pode-se queimar a junta da colaça e isso custa um dinheirão!
Agora, se o desgraçado do doente em vez dum Betadine levar com um Becozime, isso não tem importância nenhuma. Até porque este ano, os laboratórios de ambos os medicamentos estão a patrocinar viagens. Viagens a congressos – entenda-se!!!
Avancemos. Já não bastava então a caligrafia miserável e os termos técnicos indecifráveis, vêm agora trocar os verbos para que decididamente, não possamos, nós os pacientes, entender nem uma palavra do seu discurso.
É que não sei por que raios, lembraram-se os Seres Dótôres de mudar o verbo ter pelo verbo fazer…
Em vez de, ter febre, dizem agora: fazer febre; em vez de tomar antibiótico, passaram a dizer “fazer antibiótico”.
Que estranha forma de falar têm estes senhores!!!
Eu conhecia fazer diarreia, soltura até, fazer a sopa, fazer a cama, fazer a folha a alguém…
Agora fazer febre!!! Alguém sabe como é que se faz?
É que na minha terra, entre ter um filho ou fazer um filho vai uma grande diferença!
E fazer antibiótico???
Dizem eles: “O menino vai fazer antibiótico 3 dias para ver se melhora”
O que se passa na verdade, é que, inconscientemente, estes senhores estão a incentivar o recurso à medicina tradicional. Pois, onde é que já se viu mandar os pacientes fazerem o seu próprio antibiótico! Ainda por cima sendo miúdos!!!
E depois queixem-se, se virem a malta a dar à pequenada com febre sopinhas de cavalo cansado e a molhar a chupetinha no bagaço!!

Seres Dótores,

Façam o favor de ter juizo.

Tylben


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