27 de outubro de 2005

A terrível estirpe H5N1


Desde que esta história da gripe das Aves começou a ser falada, o país tem vindo progressivamente a entrar num estado de stress, que parece que só terá fim assim que se encontrar o primeiro caso em Portugal.
É como se de repente tivessem sido afixados cartazes pelos postes do nosso país que dizem: -
Procura-se vivo ou morto, primeiro portador da estirpe H5N1.
As televisões, as rádios e os jornais lutam pela notícia em primeira-mão.
Basta um indivíduo entrar na urgência e dar um espirro devido ao perfume rasca da enfermeira, que num ápice estará isolado a ser dissecado por uma junta médica; à primeira pergunta sobre o que é que comeu ontem ao Jantar, se por ventura o desgraçado acaba por confessar que comeu um franguinho na púcara que a sogra matou e que por sinal estava muito bom, está o caldo entornado. Temos os jornais, a televisão e a rádio à porta do hospital, à espera que o director acorra à porta para confirmar a existência do primeiro caso.
E no dia em que isso acontecesse, se o Dias da Cunha fosse Ministro da Saúde iria com certeza atirar as culpas para os Jornalistas.

Com toda esta turbulência pus-me a pensar: já imaginaram se por ventura alguém padecer vítima desta estranha doença?
Já imaginaram o que seria os netos dessa vítima a perguntar aos seus pais:
Papá, papá, de que é que morreu o vôvo?
Ao que o pai corado lá responderia:
- Querido filho, o teu avozinho foi vítima da terrível estirpe H5N1, vulgarmente conhecida por gripe das Aves.
Ora, perante esta resposta, que não é mais senão a pura verdade, o que é que o menino pensaria do seu Avô?
Está bom de ver que seria algo do género:
- Eu a pensar que tinha antepassados ilustres e sai-me um avô, que pela doença que apanhou, apresenta fortes indícios de ter sido um homossexual reprimido. Vou mas é voltar para a sala para ver os Digimons, que ao menos esses são heróis a sério.
Até nisso temos azar. Os nossos pais estiveram no ultramar e se algo de infeliz tivesse acontecido, ao menos seriam lembrados pelas gerações vindouras, como heróis que deram a vida pela pátria. Agora… meus amigos, ir desta para melhor com uma gripezinha???
É ou não doença de bicha?
Ainda por cima com uma gripezinha que nem é das pessoas, mas sim das aves!!!!
Não há direito. Eu sugiro que se marque uma greve como forma de reivindicar doenças com nome em condições, como por exemplo: peste, malária, gangrena, lepra…
No entanto, meus amigos, felizmente não há motivos para alarme, pois as principais medidas de emergência já foram tomadas. As vacinas foram encomendadas, a venda de aves ao ar livre foi proibida, a importação de aves exóticas também e o Lístico deixou de usar o seu casaco de penas Duffy.

Saudinha da boa.

Tylben

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