10 de outubro de 2005

Ontem foi dia de eleições


Como vem sendo hábito, desloquei-me ao meu local de voto por volta das 3 da tarde.
Para não fugir à regra, estava convencido que, mais segundo menos segundo, iria começar a disparar acenos e apertos de mão a gente que não via pelo menos há meia dúzia de anos. Para além destes, estava preparado como sempre, para encontrar muitas daquelas caras que conhecemos há mais de 20 anos, e eles a nós, ambos sabemos o nome um do outro, mas, talvez por sermos portugueses, há mais de 20 anos que nos cruzamos sem nos saudarmos. Pois na verdade, não nos conhecemos de nenhum lado!

Por incrível que pareça, até entrar no polivalente nem um único exemplar tinha então vislumbrado. Nem mesmo da segunda estirpe, os chamados “conhecidos de vista”.

Isto não podia estar a acontecer. A ver pelo ar raro da gente que me surgia pela frente, cheguei mesmo a perguntar:
-será que me enganei no Liceu?
- Não estarei eu na escola E2 + S de Cinfães do Douro?
Nas roupas dos homens, o estilo “Excesso” e jogador de futebol da 2ª B eram os que mais abundavam. Já as mulheres, as mais maduras apresentavam vestes inspiradas na primeira série Dallas e maior parte das teens faziam-me lembrar as “Lipsticks”, partners do grande artista Jorge Rocha. Quanto à área envolvente, tinha agora uma moderna rotunda implantada no lugar da fantástica mata apelidada de “natureza” onde, ouvi dizer, grandes aventuras de jovens adolescentes tiveram lugar. Contudo a presença do Garfo e da biblioteca dissipavam qualquer dúvida que ainda restasse: era mesmo o Liceu de Gaia.

Por momentos, ocorreu-me então outro pensamento:
- Será que eu é que estou certo e estes gajos, são habitantes, por exemplo de Gondomar?
Sabe-se lá!
Hoje em dia, com essa malta independente que por ai anda, não me estranha nada que com o objectivo de ajudar as pessoas a escolher o candidato certo, tenham-lhes metido um aditivozito na água da companhia, mas que por um motivo qualquer não fez o efeito desejado e que nem autómatos, os Gondomarenses tenham acorrido em massa a deitar mas na cidade errada.

Comecei a ficar seriamente preocupado, porém não desisti.
Apelando à minha visão periférica gafanhotal, mantive-me à coca para tentar descortinar no meio da população algum típico.
Finalmente e já no regresso ao local onde tinha estacionado o carro, vi a primeira e pasmem-se, última cara conhecida.
Para verem o quão fraco estava o ambiente, o único candidato a típico que vi foi o “Eu vi um Sapo” – empregado do pavilhão daquela instituição de ensino. Apresentava-se enquadrado na tendência da moda, com calça da moda e óculos tipo moscardo, iguais aos de um colaborador deste blog. Está como novo…
Pois, mas isto foi a tal da excepção que confirma que qualquer coisa muito estranha se passou ontem e para a qual não consigo encontrar justificação…
Tenho a impressão que se eu fosse votar em Esgueira ou em Lagos, por certo encontraria mais gente de Gaia do que a que vi ontem no Liceu.

O que se terá passado para justificar este fenómeno?
Onde anda o Sírio, que é feito dos Bravos, o Profeta, os Rockabilis da corge do meu primo? E os queques do polivalente?
Onde pára o Macaco, o Nuninho, o Zé Mau, e o Mário Catalão?
Será que mudaram de autarquia?
Uns para a freguesia de Nevogilde e outros para Custoias?

Tylben

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