Eclipse

Hoje de manhã, antes de pegar ao trabalho, tive que ir ao meu mecânico, de seu nome Quim. É sempre um prazer visitar a garagem do Quim da Eugénia. Este é nome por que é conhecido por paços de brandão e arredores, apesar do motivo que me leva lá não ser agradável, uma vez que se trata , normalmente, de uma avaria no meu carro. No entanto, vê-lo e ouvi-lo compensa bem o motivo que me leva lá. Homem de bigode farfalhudo e mãos de trabalho é no sotaque e nas palavras que emprega que tem a virtude que o notabiliza. É sempre um espectáculo a desculpa que utiliza quando o trabalho não lhe corre “feiçom” , termo vulgarmente utilizado neste lugar.
Como de costume, o Quim, quis dar uma volta comigo no carro para ouvir o barulho de que me queixo. É por debaixo do carro, e apareceu desde que me mudou os calços, discos de travões e os amortecedores de trás. Parece que atropelei um anão que ficou colado por debaixo do carro, e que, de vez em quando, manda-me uma fdp duma paulada que mais parece que bati com o carro no chão. Eram então quase 9h45 e o Quim, ao volante do meu carro, me diz :


- “O tempo está meio fodido.”- Diz o Quim olhando para o céu.

- “É o eclipse. O srº não sabe que hoje há um eclipse ?”- Digo-lhe eu.

- “É. O tempo anda comó caralho.”- Responde-me ele.

Isto é a verdadeira sabedoria popular. Afinal o eclipse não afecta somente os animais, que com o abaixamento da temperatura e luminosidade, ficam nervosos. Os mecânicos de automóvel também....

Primo