
15 anos - de manhã, à tarde e à noite.
Nesta época passávamos mais tempo com os amigos do que com os nossos pais.
Em volta de uma qualquer tábua de colchão, artisticamente transformada em mesa de pingue-pongue, no improvisado campo de empedrado ao qual não faltavam os tradicionais torrões de relva a servir de baliza. Simplesmente sentados em cima de um qualquer muro a abanar as pernas, à espera que passasse algum do muito tempo que tínhamos nas mãos, as vivências típicas da adolescência foram decorrendo de forma lenta e saudável. Foi por esta altura que algumas das regras sociais da CAK se começaram a manifestar e que os traços característicos deste grupo se foram vincando.
20 anos - idem.
Nesta altura, a manhã começou finalmente a ser utilizada para o verdadeiro motivo para que foi criada: dormir. As noites tornaram-se mais longas e o dia raramente começava antes da meia hora. A raquete de pingue-pongue foi substituída pela garrafa de cerveja. Os sacos Mike Davis do Primo e do Pirisca começavam a dar mostras de algum cansaço. O café passou a ser a nossa verdadeira casa. Foram os tempos das grandes maluqueiras, do saudoso GS, das grandes tainadas. Foi por esta altura que descobrimos que comer dava prazer, beber ainda mais e outras coisa que tais…
25 anos - frequentemente juntos
Nesta altura, afazeres profissionais típicos de jovens iludidos em início de carreira ou compromissos académicos dos mais retardatários, faziam por vezes com que o grupo se dispersasse. Mas, por mais voltas que a vida de cada um desse, no fim, todos sabiam onde ir encontrar o grupo ou parte dele. E não tardaria muito para de novo todos reunidos encetarmos mais uma qualquer aventura, que ficaria para a humilde, mas orgulhosa história da CAK.
30 anos - raramente juntos
Nesta altura aprendemos o significado da palavra responsabilidade.
O futuro de que tanto nos falaram nestes 30 anos, estava ai.
Num dos dedos da mão esquerda começam a aparecer umas argolas de ouro amarelo. A família pintada de fresco espera o nosso esforço, exige a nossa dedicação e é agora o centro das atenções. Mulher, filhos, sogras, carreira, substituem os temas que outrora ocupavam o nosso então saudável cérebro (gajas, desporto, cartas, …e não me lembro de muito mais).
35 anos – ocasionalmente juntos
Não sendo velhos, a palavra experiência começa a fazer algum sentido.
As despedidas de solteiro começam a rarear. Os encontros, de obrigatórios e voluntários passam a ocasionais e dependentes da conjugação favorável de um sem número de condições prévias. O cinto tem agora mais um ou dois furos e quando alguém nos trata por jovem, julgamos que é gozo.
Começamos a gostar de coisas estranhas tais como Sushi e caviar e o Vinho verde e as moelas são manchas negras num passado longínquo de gente do povo. Nas festas sociais, as cadeiras começam a ficar ocupadas e a cerveja nunca esgota.
40 anos – acidentalmente juntos
Ao encontrarmo-nos bater-nos-emos nas costas, como se de um encontro longínquo de camaradas de tropa se tratasse. “Ainda só tens estes dois?” ou “o que é que fazes?” serão as perguntas mais ouvidas. Palavras como colesterol, ácido úrico, dieta, começarão a fazer parte do nosso vocabulário corrente. Algumas das conversas começarão pela frase "no nosso tempo...". Daremos por nós a censurar feitos bem mais suaves do que os que há 20 anos atrás levamos a cabo. A carne definitivamente perderá muito terreno para o peixe. Então, todos comeremos com a boca fechada e nem um arroto se ouvirá num jantar de amigos. Nem mesmo do Tista!
Como será aos 50 anos?
E aos 60 anos?
Alguém se atreve a continuar a prever o futuro?
Tylben
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