28 de julho de 2005

Oliveira do Douro – Capital da Inconsciência



Foi este fim de semana.

Ano após ano, a comunidade de Oliveira do Douro realiza a sua linda festa popular.
Até aqui tudo bem. É mais uma, entre as dezenas de festas que na época estival pululam pelas freguesias do concelho. Foguetes, farturas, bebidas, algodão doce e muito, muito ruído, que se assemelha música, são ingredientes bastantes para transformar qualquer praceta na alegria do nosso povo.
Mas, o que esta festa tem de muito particular é o local onde é realizada.
Num país dominado pela trágica marca sangrenta da sinistralidade rodoviária, esta festa é realizada em plena estrada nacional. Palavras para quê?


Pena é que só tenha conseguido estas fotos após o grande dia, que foi este fim-de-semana. Então, veríamos a malta africana que vende artesanato em pau do mesmo, com os paninhos estendidos a morder a margem da estrada, assim como os artífices do barro e as filiais das lojas dos trezentos que se espraiavam estrada a dentro com o imenso trânsito a tentar circular sem atropelamentos.

O mais caricato é que esta estrada é, nem mais nem menos, a EN 222, uma estrada considerada de alto risco, em que os acidentes se sucedem e as mortes vão, ano após ano, engrossando os assustadores números da sinistralidade rodoviária portuguesa.

Hoje, quando qualquer investimento privado é obrigado ao cumprimento de mil e uma normas de segurança, algumas das quais extremamente ridículas, vemos à descarada exemplos de negligência, falta de responsabilidade e acima de tudo de bom senso por parte das entidades públicas.

Parabéns à Câmara de Gaia por aprovar este local para a realização da festa. Parabéns à junta e à comissão de festas e a todos os que contribuem para este atentado à segurança dos cidadãos.

Já viram se a moda pega. Era ver a malta do Freixieiro a fazer a romaria anual na Pista do Aeroporto Sá Carneiro. Também não me parecia mal! Quando se aproximasse um avião, bastava que alguém na instalação sonora gritasse bem alto: - é fabor dar um jeitinho, que vem aí um abião.
Ou então, já imaginaram em Antuã as atracções a perfilarem-se ao longo da berma da A1 nas imediações da área de serviço. Já pensaram que bom que seria, ter mesmo ali à mão a roulote luminosa da Churreria Marcela. E já estou a imaginar a barraquinha dos tiros, para variar, a promover o novo e estimulante concurso “foge ao tir”. Até parece que consigo ouvir o Speaker de serviço:
- “Quem escapar com vidaaa…, terá direitooo…, a esta fantástica garrafa de espumante meio secooooo das Caves Gruuuuuta da Lomba! É 1 Euro meninos e meninas….É só 1 Euro.

Bem, o melhor é eu estar caladinho, pois ninguém me paga e eu passo a vida a dar ideias fabulosas para os outros enriquecerem à minha custa…

Voltando ao tema original, se virmos bem a coisa, nem tudo o que parece mau o é de facto… Depende sempre da perspectiva. Até a Bigodes se vista de trás, melhora imenso! Eu, como grande e modesto especialista de Marketing, apelaria à potenciação desta característica única e diferenciadora.
Tal como a Maia utiliza o lindo slogan “Sorria está na Maia” ou como a Cidade de Paços é conhecida pela “Capital do móvel”, porque não potenciar este facto sui-generis e baptizar Oliveira do Douro como: “Oliveira do Douro – capital da inconsciência”
Acho que além de exótico, atrairia muitos turistas de todo o mundo adeptos de desportos de aventura de alto risco.

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