20 de setembro de 2004
As mesas do casamento do nosso amigo
Mesa Mesquita
São Manhãs que o sol aquece
São aromas de amores ausentes
É o piopardo que não aparece
e o Mesquita que aluga pentes
O Mesquita mestre do corte
Conta histórias de encantar
Felizes os que tiveram a sorte
De as poder escutar
Do ciclismo à bola
À columbofilia, porque não
Nada disto se aprende na escola
Só nas cadeiras deste salão
Mesa Zé do Bila
De mão certeira e afiada
Ele é o ás da cal
De branco marca o campo
Com destreza sem igual
Zé do Vila de seu nome
No campo tem a sua casa
Este pequeno grande home
É um dos heróis da Rasa
Mesa “Velha das 10 e binte”
Sinto o passado a esfumar-se
Ouço no mar, o amor presente
Vejo a velha a aproximar-se
Às dez e vinte daquele verão quente
Foi no dia 2 de Agosto
Que ao som da grafonola
A velha assistiu em directo
Ao desfilar da peidola
Com velas e cabaça
Ou bela cabeleira à artista
Certinho era vê-la a queixar-se
Como sempre à mãe do Batista
Mesa Dr. Mingos Piscó
Grande, sublime e intocável
Mestre, herói lendário
Na cabeçada inigualável
P’ra sempre no nosso imaginário
Do Gato Negro é imperador
Quita minis e não só
Com nome de rua e Doutor
É o grande Mingos Piscó
A regar és o maior
Ó Mingos nobre Bombeiro
Vamos divulgar tua palavra
Vida fora e mundo inteiro
Mesa Pêlo Roto
Domingo ao fim de tarde
O calor é já intenso
O Bagaço é do que arde
E o trânsito é imenso
É vê-lo no meio da rua
Missão nobre de escuteiro
Não apita nem autua
O Pêlo roto é sinaleiro
Mesa Zbignia Bigodó
Tem nome de estrangeira
Mas nas feições é bem lusa
Tem anquinha à maneira
E farfalhudo buço na fuça
O esquinino, e esquinona
O Papagaio do Angolano e o cão
Tudo habita a mesma zona
Berram, ladram, mas sem razão
Mesa Mário Catalão
Um dia assisti comovido
a um belo romance de verão
Entre uma ovelhinha peluda
E o Mário Catalão
Se a mulher pode ser fufa
E o homem pode ser rabicho
Porquê punir o amor
Entre o Catalão e um bicho
Mesa Mário Moreira
Rebuçado ou caramelo
No frasquinho à maneira
Kentuques ou vinho a martelo
É no Hiper Mário Moreira
Apesar da concorrência
O seu negócio mantém-se vivo
Graças a muita competência
E ao seu milagroso livro
Mesa Estérinha
Senhora com um S grande
O seu linguajar é comprido
Insulta tudo o que ande
Seja filha, vizinha ou marido
Dominadora da esquina
Do escândalo és a rainha
Apesar da casa com piscina
Serás sempre a Dona Estérinha
Mesa Piscona Sénior
Ao ouvir chamar a Bela
Lembro aquele vozeirão
Sempre que abria a goela
Tremia todo o quarteirão
Educada à moda antiga
Foi uma referência da zona
Do noivo íntima amiga
A nossa ilustre Piscona
Mesa Martinaço
O ambiente é requintado
O perfume, forte de vinho
Em Gaia não há traçado
Como o da tasca do Martinho
Para encontrar artigo fino
Venha à sua mercearia
Rabanetes, cenoura e pepino
Tudo se vende e também se fia
Mesa Domingos Pisco (Sénor)
No cabelo um pouco d’azeite
No bolso o relógio antigo
Vozeirão à Tom Waite
É o Piscó sénor amigo
Em passo ligeiro marchava
A caminho do copo de três
E mal a Piscona berrava
O afilhado comia outra vez
Mesa Baca Louca
Muito tenra e de boa rés
Seja alentejana ou de Arouca
É sempre de confiança
A Bitela no Baca Louca
Um dia quis o destino
Trazer-lhe um grande revés
Levou-lhe a sua mulher
Foi p’rá vida e deu-lhe c’os pés
Mesa Loura Insaciável
Era senhora de avental
Com chinelo e cruz ao peito
De loiro pintou o cabelo
E perdeu todo o respeito
Já madura e crescida
Encontrou sua vocação
Fugiu do lar, foi p’ra bida…
Ao Baca partindo o coração
Mesa 920 Voltes
Ainda era ele menino
Lindo lindo de morrer
Um dia quis o destino
Dar-lhe um choque a valer
De novecentos e vinte voltes
O esticão foi fenomenal
Trouxe-lhe uns valentes óculos
E uma cara de anormal
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